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terça-feira, 15 de setembro de 2015

Finalmente, a LINHAÇA!

  Há algumas semanas, uma leitora queridíssima do blog pediu-me que escrevesse sobre a linhaça. Finalmente, está aqui o texto! A linhaça é um dos alimentos que são tratados como poderosos atualmente. Minha função é poder sugerir um olhar diferente para o alimento, mais tranquilo e com expectativas que vão além da composição nutricional. Então vamos lá!


  Se a linhaça fosse um animal, arrisco-me dizer que ela seria um gato rs. Isto porque sua planta é tão antiga quanto os nossos felinos! A linhaça é a semente da planta chamada linho, a mesma cujo caule dá origem ao tecido de linho. O caule da planta é extremamente fibroso, uma fibra rígida que foi muito útil desde antes de Cristo justamente para a produção têxtil. Os faraós eram embalsamados em linho. A roupa de Cristo era uma túnica sem costura de linho. O manto que cobriu a Cristo na sepultura era um tecido feito de linho (Jo 19,40). Alguns textos trazem que já havia figuras da semente da linhaça nas tumbas dos faraós, o que sugere um possível uso inclusive da semente já nesta época. Apesar desta tradição toda, no Brasil e em vários outros países seu cultivo para consumo humano é recente, tendo tido seu plantio destinado sobretudo à industria têxtil e para rações animais, por exemplo. 

  O cultivo da planta da linhaça sempre se deu próximos a rios, em solos muito ricos em matéria orgânica. Atualmente seu plantio é mais extenso, inclusive em termos climáticos, e isto é o que em um primeiro momento diferencia os nossos principais tipos de linhaças, a marrom e a dourada, destinadas para consumo humano. Tradicionalmente, a linhaça marrom é a variedade produzida no Brasil, sendo a dourada originária da importação principalmente do Canadá. Isto sempre gerou uma diferença de preço significativa entre as duas variedades. Contudo, atualmente a linhaça dourada também é cultivada aqui no Brasil, na região Sul, conseguindo se adaptar ao solo e ao clima e, assim, passando a entrar em nosso mercado com um preço mais acessível ao consumidor. 

  Há entre uma variedade e outra pequenas diferenças na resistência da casca. A diferença de plantio (solo, clima, região) também gera naturalmente uma mudança na composição nutricional das duas sementes, a dourada e a marrom, e também no sabor delas. Porém estas mudanças são atenuadas conforme a adaptação ao plantio em solo brasileiro. Além disso, são mudanças que não interferem de forma significativa no momento da escolha de qual semente comer. As duas variedades podem ser ótimas opções para se consumir. 

  Algo importante para se falar é sobre a quantidade de informações na mídia sobre as propriedades da linhaça. Há vários estudos mostrando as quantidades interessantes nas linhaças de fibra, ômega-3 e fitoestrógenos (componentes exógenos, podem vir dos alimentos portanto, que desempenham papel no sistema endócrino) . E estas descobertas são muito importantes, porém o uso destas informações mais ainda! A promoção de determinados alimentos a "superalimentos" geram uma procura exacerbada a estes, o que é ótimo para a indústria, porém não tão bom para nós, "comedores". Um consumo muito elevado de substâncias como fitoestrógenos (encontrados na linhaça e na soja, por exemplo) podem ser prejudiciais dependendo da faixa etária, da quantidade do sexo e do histórico da pessoa. Há na prática clínica um olhar de preocupação ao excesso desse consumo, principalmente em gestantes e crianças. 

  A quantidade ideal para se consumir, em termos técnicos, deve ser lhe passada de forma individual por um profissional da Nutrição. Alguns estudos mostram que de forma geral mais de 3 colheres de sopa/ dia da linhaça já começa a ser prejudicial, até mesmo em termos laxativos, e que uma quantidade mais segura beiraria entre 1 a 2 colheres de sopa no máximo/dia. Como profissional, não aconselho em nada olhar para o alimento como se este fosse um remédio. Caso claro você não tenha nenhuma restrição devido a alguma patologia, por exemplo, inserir a linhaça na refeição será uma opção interessante desde que estes grãos sejam vistos como comida e não como alimentos mágicos. Sob este olhar, o consumo e a quantidade poderão ser muito mais naturais, tranquilos e saudáveis, sem exageros. Vale lembrar que não é somente a linhaça que possui todos esses benefícios fisiológicos. Outros alimentos contém os mesmos componentes, cada um em uma quantidade e biodisponibilidade (o quanto e a forma como é absorvido e utilizado pelo corpo) e cada alimento em uma apresentação sensorial diferente que lhe pode agradar de formas diferentes (cor, sabor, textura, aroma). Por isso olhar para o dia alimentar como um todo e não somente para as partes é essencial, assim como expandir seus gostos e experiências com a comida pode ser bem interessante. 

  Espero que o texto tenha sido útil para todos.

  Já que estamos falando de olhar para os alimentos em sua beleza complexa, na qual ele pode ser visto como COMIDA, coloco abaixo uma receita ( que aprendi com 3 colegas, Najla, Gabriele e Gabi) e que modifiquei acrescentando a linhaça. ;)

Pão integral caseiro sem liquidificador

Receita:
3 xícaras (chá) farinha de trigo integral
3 xícaras (chá) farinha de trigo refinada

1/2 xícara (chá) açúcar mascavo

1 Colher de sopa de linhaça triturada

2 colheres (sopa) fermento em pó
1/2 colher (sopa) sal
2 colheres (sopa) manteiga
1 xícara (chá) água
1 xícara (chá) leite desnatado
1/4 xícara (chá) óleo de soja
2 ovos

Modo de fazer: Misturar a farinha de trigo integral com o sal, o fermento, o açúcar e a linhaça. Em outro recipiente misturar os ingredientes 'molhados' (manteiga, água, leite, óleo e ovos) e juntar aos ingredientes 'secos'. Misturar bem e acrescentar a farinha de trigo refinada. Sovar, deixar a assa descansar por aproximadamente 1h, colocar em formas untadas e assar por aproximadamente 30 minutos (180°C).


(Note na receita que coloquei linhaça triturada, porque assim o nosso corpo pode ter acesso a todos seus componentes. Caso a coma inteira, a casca não permite a digestão e absorção dos nutrientes, porém fornecerá quantidade interessante de fibra. Na trituração, o ideal é que se compre a linhaça inteira e a triture em casa, em quantidades pequenas, somente para o uso a curto prazo. Isto porque depois de triturada, por ter bastante ácidos graxos (como as gorduras insaturadas) na composição, tendem a oxidar e perder todo seu valor nutritivo e sensorial. Então quando consumir, triture no liquidificador (só colocar a linhaça no liquidificador e deixar no moldo pulsar entre 2 a 5 minutos), não triture muito, não é necessário, assim mantém-se um pouco da casca que oferece bastante quantidade de fibra. Se sobrar linhaça triturada, coloque em um pote não transparente, que feche bem, e leve à geladeira (é possível ficar por lá por volta de até 1 semana)). 

BOM APETITE!


















quarta-feira, 9 de setembro de 2015

UMA ÓTIMA NOTÍCIA PARA OS CELÍACOS

   A Doença Celíaca trata-se de uma doença autoimune, na qual o sistema imunológico do indivíduo entende o glúten como um corpo estranho. Nestes casos, o consumo de alimentos com glúten provoca alteração na parede intestinal do indivíduo, gerando uma série de sintomas e consequências, como deficit de nutrientes devido à má absorção, quadros de diarreia, desconforto abdominal, excesso de formação de gases entre vários outros sintomas. O único tratamento eficaz comprovado atualmente para a doença é a dietoterapia, na qual há exclusão do glúten da dieta (exclusão de alimentos que contenham  trigo, cevada, aveia ou centeio).

      Você consegue imaginar a variedade de preparações culinárias que são excluídas ao retirarmos estes ingredientes? Desde a cerveja convencional até alimentos que carregam em si um caráter religioso e espiritual (como a hóstia ofertada no momento da comunhão durante as missas católicas). Os estudos na área crescem muito, facilitando a condução do tratamento e melhorando a qualidade de vida desses sujeitos. Apesar do "boom" em relação aos adeptos à dieta sem glúten, influenciados muitas vezes inclusive por profissionais de saúde na mídia, este tipo de dieta é de condução difícil e nada aconselhável para quem realmente não tem a digestibilidade do glúten comprometida (escreverei um outro post sobre os riscos de fazer a dieta sem acompanhamento e/ou sem necessidade).

    É justamente por essa dificuldade em encontrar alimentos que sejam prazerosos e aceitáveis que trago como boa notícia a pesquisa da Nutricionista Fernanda Garcia dos Santos. A nutricionista apresentou pelo programa de mestrado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - Santos a pesquisa intitulada "Inovação para o desenvolvimento de pães sem glúten de boa qualidade tecnológica, sensorial e nutricional: contribuições para o tratamento dietético dos doentes celíacos e demais intolerantes ao glúten" durante o XXVIII Prêmio Jovem Cientista, em Maio deste ano. A Nutricionista em sua pesquisa formulou um pão sem glúten com alta aceitabilidade sensorial e composição nutricional interessantíssima! Ela foi ganhadora do terceiro lugar no prêmio.

      Na pesquisa, a Nutricionista juntamente com as outras estudantes envolvidas puderam elaborar um pão no qual não seja produzido o glúten no momento de seu processamento (utilizaram farinhas integrais de sorgo, trigo sarraceno e grão de bico, além das de arroz e fécula de batata).  O pão 
alcançou aceitabilidade sensorial (cor, textura, sabor, aroma) desejáveis. O pão continua sendo aperfeiçoado pelo grupo de pesquisa responsável e em breve esperamos que seja comercializado para a felicidade dos celíacos!!! 

    As pesquisas e os estudos em Nutrição não param, os avanços são constantes e de extrema importância para toda a comunidade! Por isso, rever e aperfeiçoar nossa atuação se faz necessária sempre. Contem com profissionais da área para lhe auxiliarem a encontrar a forma de se alimentar mais saudável para seu contexto de vida!!!

**CURIOSIDADE:
   O prêmio comentado no texto ocorre desde 1981 (no primeiro ano, ocorreu em parceria com a Marconi International Fellowship, EUA). O evento é um iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), contando ao longo dos anos com parcerias de empresas e fundações privadas, com ou sem fins lucrativos. Neste ano, 2015, o tema foi Segurança Alimentar e Nutricional. 
     
  Vocês já ouviram falar em Segurança Alimentar e Nutricional? Este tema abrange o direito de todo ser humano ao acesso a alimentos em quantidade e qualidade adequadas. Isto significa alimentos seguros do ponto de vista sanitário, biológico, nutricional e tecnológico (sua composição e produção), provenientes de uma produção que seja economicamente e ambientalmente sustentável e integrada num sistema de geração de renda, no qual temos o dever de incentivar sobretudo a agricultura tradicional e familiar. Além disso, é fundamental dentro da Segurança Alimentar e Nutricional ofertar informações sobre o acesso a alimentos "bons e limpos", assim como proporcionar o acesso de todo ser humano à produção e oferta de alimentos que sejam condizentes com sua cultura .


    A definição de segurança alimentar e nutricional pode ser encontrada na Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional - LOSAN, Lei 11.346/2006, no artigo 3º:

"A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis."

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

NOSSA HORTA

       A postagem de hoje é extremamente especial. Ela foi escrita não por mim, mas por uma amiga, a Bióloga e especialista em Educação Ambiental, Débora Cavignato Derrico. Nesta semana, escrevi no blog sobre os alimentos orgânicos, um pouco dos motivos de serem ainda caros e como podemos contribuir para melhorar o acesso, nosso e da nossa sociedade, a alimentos bons, limpos e baratos. Cultivar a própria horta é um hábito que muitas pessoas estão retomando (tendo como exemplo seus pais ou avós em muitos casos). E este é um hábito que além de ser terapêutico, é um ótimo aliado para uma alimentação mais saudável. Para quem tem crianças em casa, este contato com a terra e com o alimento em sua origem traz benefícios a curto e a longo prazo, visto também o respeito que se adquiri à comida!  Informar-se para saber a melhor forma de de cultivar seus alimentos é essencial. Saiba sempre a procedência da semente/parte do alimento que você está usando como base(a opção de sementes orgânicas é possível), assim como da terra utilizada. E não se esqueça, atente-se para se a água que você está irrigando o alimento está realmente limpa. Estas matérias-primas são fundamentais para que você comece a comer alimentos realmente bons. A Débora nos traz hoje dicas de como ter sua horta em um espaço pequeno, como o de apartamento, de forma sustentável e ecológica. Você acha que é impossível? Ela nos faz entender que não é bem assim!!! Vejam todas as dicas:

Como ter uma horta em apartamento




Por: Débora Cavignato Derrico*



  Sim, é possível fazer uma horta em seu apartamento, especialmente se tiver uma sacada.

  Fazer uma horta é diferente de um jardim vertical, não apenas pelas diferentes espécies de plantas, mas até mesmo pela organização desta. No jardim você não pode deixar espaços da parede visíveis porque não fica estéticamente bonito, já na horta é necessário um espaço entre os vasos para que as plantas possam crescer com maior facilidade.

  Não é necessário impermeabilizar sua parede, porque plantas não precisam ser encharcadas, embora necessitem de água diariamente, a regagem pode ser feita apenas uma vez ao dia devendo ser logo pela manhã ou ao final da tarde para que não tenha grande evaporação.

   Os vasos podem ser dispostos diretamente na parede (neste caso é necessário furadeira e parafusos com buchas) ou então em um suporte de madeira como pallets ou caixas de feira. É necessário pensar também em que tipo de vaso... eu, como toda bióloga, acredito que vasos de plástico não são tão naturais para uma horta, então optei por vasos de fibra de coco (porque xaxim está proibido por estar à beira da extinção).


(Horta Vertical da Débora)


    Depois destas partes mais técnicas precisamos pensar "O que vou plantar?"

    Eu escolhi temperos como alecrim, salsinha e cebolinha, manjericão, orégano, entre outras ervas que deixam qualquer cheirinho de comida de dar água na boca. Também optei por ervas para chá como a erva cidreira e o boldo. Além disso plantei couve que deu super certo!

    Lembre-se que não é muito aconselhável plantar cenoura, beterraba, batata, rabanete e tudo o que vai por baixo da terra, porque o pequeno espaço do vaso faz com que eles não cresçam como deveriam. Também é possível pantar em jardineira, mas deve-se respeitar o espaço de pelo menos um palmo entre uma planta e outra para que não haja deficiência de crescimento, assim como os galhos secos devem ser podados para que não tenha esse mesmo tipo de problema.

  Para quem não tem uma varanda é possível fazer uma horta em mini vasinhos próximo a janela da lavanderia ou da cozinha para que elas possam ficar ao menos um pouco expostas ao sol. É claro que tem variação, há plantas que gostam mais de água outras menos, assim como a exposição à luz, mas isso você vai percebendo ao longo de sua jornada.

   Mas o melhor de tudo é você saber que está comendo algo saudável e sem agrotóxicos que são tão prejudiciais à saúde. Pode acontecer de suas plantas ficarem com fungo e neste caso recomendo borrifá-las com água de fumo (uma solução de um pedaço de fumo de corda picado para 3 litros de água, o fumo é uma planta encontrada em mercados ou casas de plantas).


    Espero que tenham gostado das dicas e boa plantação!
(*Bióloga e especialista em Educação Ambiental, responsável pelo desenvolvimento e implantação de projetos e palestras. Atuou como tutora de Educação à Distância no curso para professores pela Unifesp e foi aluna especial no Mestrado em Sustentabilidade pela USP. Tem publicações de projetos e artigos científicos na área.)

terça-feira, 18 de agosto de 2015

A Era do bombardeio sobre Alimentação

  Quantas informações você recebe por dia sobre Alimentação? "Como se alimentar", "o que comer", "que horas comer", "o que não comer", "as propriedades dos alimentos", "do que o nosso corpo precisa", "do que o nosso corpo não precisa". 
Falar sobre comida todas as gerações sempre falaram, afinal comer é algo que o ser humano sempre fez. Comer é intrínseco a nós. Contudo, pode-se dizer que a forma como o comer é retratado modifica-se de geração para geração. Modifica-se de forma entrelaçada às  aspirações da humanidade e com as nossas mudanças de comportamento. Não falamos de comida da mesma forma que há 80, 50 ou 10 anos.   

     Em que você pensa quando você sabe que o tema alimentação será abordado? Desde o fim do século XX, alimentação e saúde é tratada de forma quase que inseparável: você come para ficar doente ou você come para não ficar doente. É mais ou menos assim, não é? Na mídia, nos jornais, nas revistas, nas academias, em muitos blogs e perfis de redes sociais é assim. Mas e no seu dia a dia? Você não come por mais nenhum motivo?

(google.imagens)

      Na verdade, os motivos pelos quais comemos são bem mais complexos e envolvem prazer, sociabilização, formação de laços, memórias afetivas, sentimentos como ansiedade, tristeza ou alegria, Não buscamos comida apenas quando temos fome, buscamos quando o homem da pamonha avisa que está por perto, comemos porque nossa mãe/vó/vizinha ofereceu, comemos porque vamos assistir a um filme. Comemos de forma complexa!!!!!! Por isto, falar de alimentação não pode se restringir a nutrientes ou propriedades funcionais. Falar de forma tão restritiva do comer choca-se com nossos instintos. Você já parou para pensar que o número de alimentos com propriedades mágicas só crescem, assim como as dietas milagrosas, assim como os diversos programas de televisão que nos "ensinam" sobre o que  fazer diante de um prato?Porém o número de obesidade no mundo também não para de crescer. 

      Nosso corpo nos diz quando precisamos comer, nos diz quando podemos parar, nos diz o que comer!!! Nosso corpo fala conosco, e de forma bem mais eficaz do que muitos desses programas expert em alimentação. O problema é que desaprendemos a nos ouvir!! E para alguns o fato de não nos ouvirmos é ótimo! É bem mais lucrativo poderem dar-nos supostas respostas.A culpa não é sua se você não segue algo que não faz sentido prático para você! Aliás, parece até óbvio que você não o siga.   

"(..)Comer normal é principalmente ter três refeições por dia, ou quatro ou cinco, ou pode ser a escolha de petiscar ao longo do caminho. É deixar alguns biscoitos no prato porque você sabe que pode ter alguns novamente amanhã, ou é comer mais agora porque o gosto é tão maravilhoso.
* Comer normal é comer demais, às vezes, se sentindo muito cheio e desconfortável. E pode ser não comer o suficiente, às vezes, desejando ter tido mais.
* Comer normal é confiar no corpo para compensar os seus erros de alimentação.
* Comer normal leva um pouco do seu tempo e da sua atenção, mas mantém o seu lugar como apenas uma área importante da sua vida.
Em suma, comer normal é flexível. Varia em resposta a sua fome, sua agenda, sua proximidade com a comida e os seus sentimentos.” (Tradução da definição dada por Ellyn Satter -Nutricionista e autora norte-americana)

     Você quer alguma mudança? Ótimo, mudanças são bem-vindas. Porém precisam ser organizadas de forma processual e cabível para sua realidade! Tenha perto de você sempre um profissional realmente habilitado para isso. Já que o comer é amplo e complexo, precisamos respeitá-lo como tal, e assim nos respeitar!! 





segunda-feira, 17 de agosto de 2015

SOBRE OS ORGÂNICOS



      O produto orgânico deriva de uma produção na qual não são utilizadas substâncias que coloquem em risco o ambiente(água, solo, ar), a saúde do consumidor e a saúde do produtor. Alimentos certificados como orgânicos, segundo a legislação brasileira, recebem em seu rótulo o selo do SisOrg- selo está logo abaixo do post (quando o produto é processado, se tiver 95% da sua composição de ingredientes orgânicos já recebe a certificação). Em caso de produtores sem certificados de orgânico (aqueles que somente podem vender nas feirinhas ou direto para o consumidor) devem ter a sua disposição a Declaração de Cadastro, que certifica que está sob a responsabilidade de algum grupo, além de cadastrado no MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). No site do MAPA há uma lista com os nomes dos produtores de orgânicos cadastrados dentro do Brasil (por nome e Estado).   Todo o processo de certificação, transição da produção convencional para a orgânica e a manutenção desta produção custa alto. O alto custo aliado ao ainda precário investimento governamental nestes produtores faz com que o preço do produto quando chega ao consumidor esteja muito além do preço do convencional. Os alimentos mais acessíveis a nós são os convencionais, recebemos constantemente uma dose de produtos tóxicos pela nossa alimentação. Os riscos e danos à nossa saúde desta exposição já são conhecidos: alergias, câncer, má formações etc. Contudo, em um país como o Brasil, no qual a renda de grande parcela da população está muito aquém das suas reais necessidades, falar de escolhas saudáveis de forma superficial torna-se a pior ferramenta para abordarmos o Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável. Se você pode hoje comprar um alimento orgânico, ótimo, compre! Mas não faça só isso. Ou pelo menos, pense na possibilidade de não parar por aí. Se você tem um comércio alimentício, abra as portas para produtores orgânicos (realizando feiras semanais, por exemplo). Além de ampliar o movimento do seu comércio, você estará permitindo um contato direto do consumidor com os produtores, incentivando este comércio em sua forma mais barata. Em sua casa, tenha sua horta (é possível inclusive em apartamentos). Em seu bairro, pense na possibilidade junto com seus vizinhos de uma horta comunitária limpa. Aqui no blog, procurarei constantemente publicar dicas e ideias neste sentido. Quem quiser contribuir com sugestões, está mais que bem vindo!





Em "Acontece", aqui do blog, tem um link com uma lista de feiras orgânicas, basta entrar com o nome da sua cidade!
 (SELO DE CERTIFICAÇÃO DO SisOrg.)

sábado, 2 de novembro de 2013

Infelizmente, é tudo verdade!


Já que eu fiquei um tempinho sem escrever nada aqui, resolvi trazer algo mais dinâmico, um filme. Trago o filme "Garapa" de José Padilha. Ele trata de um aspecto comum a todos os seres humanos que, porém, é indicador de diferenciação entre os mesmos: a fome. Transmitido em 2009 a partir de um Festival Internacional de Documentários nomeado "É tudo verdade", acredito ser um filme marcante e desesperador, porém que está longe de usar de sensacionalismo. Que ao vermos cenas assim, não sintamos pena,mas sim um sentimento de compromisso, seja este como for.

domingo, 22 de setembro de 2013

Postagem sem título

Quero pensar sobre sentimentos, sobre o existir como humano. Uma existência tão complexa, tão cheia de altos e baixos, de mudanças, de aprendizados, de quedas, buscas, descobertas. Um caminhar tão longo, tão bonito e tão incerto. Buscar em nós o que verdadeiramente nos completa é uma tarefa tão árdua. 


Quero me afastar de toda ação que me afaste da condição pura de ser humana, de ser a criatura cuja forma me deu vida. Se é um castigo eu estar sob esta forma de existência, castigo maior será se eu desonrar a chance que tenho ao viver. Há um motivo, eu sei que há. Quero respeitar o máximo que eu puder a verdade que me faz caminhar. E se é a música a responsável por me fazer prosseguir, que ela nunca pare de tocar. 

É lindo existir. É lindo conhecer de perto uma criatura tão forte e tão fragilizada como o ser humano. Estamos nós com nossas pastas, celulares e armaduras internas. Andamos em multidão, procuramos idiossincrasias, procuramos reconhecimento, usamos gravata, falamos o português formal, não comemos com a mão em um restaurante sofisticado, criamos restaurantes sofisticados, criamos a sofisticação. Sinceramente, ainda bem que sentimos fome, porque acho que é isto  o que realmente nos torna humanos. É a fome, é a ansiedade, é o desejo e o apego. Sim, o apego. O apego pelo bolo de fubá da vó!!!

Eu sinto cheiro de macarrão ao ouvir “perhaps love” do  Placido Domingo! Se eu sinto cheiro de café com leite, eu fico em paz! E eu juro como já chorei de felicidade por comer uma tapioca!